Sou brasileira, nasci na década de 80 em Governador Valadares em Minas Gerais em uma família muito grande. Meus pais tiveram oito meninas e seis meninos dos quais três desses filhos são falecidos. Cresci com seis irmãs e quatro irmãos e experienciei todos os perrengues que uma família grande, tradicional e pobre no Brasil passa.
Tanto eu quanto meus irmãos, todos estudaram em escolas públicas e todos nós precisamos trabalhar cedo para continuar os estudos depois do ensino fundamental.
Comecei a trabalhar aos 16 anos para consegui passagens para ir ao colégio. Consegui finalizar o ensino médio, e aos 22 anos consegui um bom emprego em uma grande empresa de Governador Valadares.
Aos meus vinte cinco anos, estava crescendo profissionalmente, tinha um trabalho estável e cursava o curso de direito à noite. Foi quando eu conheci um sueco e me apaixonei por ele. Um ano e dez meses depois casei com ele e mudei para a Suécia.
Em meados de novembro de 2007 iniciava uma nova etapa na minha vida. Grandes mudanças aconteceram e tive que aprender a recomeçar do zero. Aqui era tudo novo, nova cultura, novo idioma e não sabia uma única palavra. E para piorar, estava longe da família, longe dos amigos e não tinha nenhum outro contato social além do meu marido.
O início foi muito dolorido e difícil, além de me sentir sozinha, isolada e não saber comunicar com ninguém, era novembro. Para quem não conhece muito a Suécia, novembro é o início do inverno e os dias no norte do país, onde moro, são muito curtos com mais ou menos três horas de sol. É muita escuridão sem a luz do sol, é normal as pessoas ficarem sem ânimo algum, é também o período que mais ocorre casos de depressão.
Lembro que durante todo o mês de novembro e dezembro daquele ano, só dormia e não via o sol. Sentia muito falta da família e amigos e especialmente sentia falta do meu trabalho no Brasil. Fiquei muito deprimida nessa época.
Janeiro de 2008 me matriculei na escola sueca e comecei a estudar. Comecei estudar os idiomas sueco e inglês, tempo integral, das 8:00 até as 16:00 todos os dias da semana. Depois de alguns meses, comecei a comunicar em sueco e tinha as colegas da escola e as coisas foram melhorando.
Tinha um sonho de ter uma formação acadêmica e para entrar no processo de seleção da universidade, precisei estudar muito. Tive também que repetir todo o ensino médio em sueco para conseguir me qualificar para a universidade. Foram quatro anos de muito estudo, mas isso não era nada, meus anos de estudos estavam apenas começando.
Setembro de 2012 iniciei em uma das melhores universidades técnica do país. Fiz o curso de engenharia de business e liderança com especialização em gestão de qualidade. Estudar na universidade não foi nada fácil, principalmente por causa do idioma.
Na universidade é usado tanto o sueco quanto o inglês. Nos primeiros dois anos de engenharia, estudava dobrado, oito horas durante o dia na universidade e quando chegava em casa estudava até as madrugadas. Em alguns cursos, precisei comprar o mesmo livro em sueco e em inglês e assim eu ia alternando até compreender tudo.
Tive muitos altos e baixos, também pelo contraste da cultura sueca e precisei me adaptar a uma classe de alunos bem mais jovens do que eu. Mas isso pode ser assunto para um outro post.
2015 fui visitar a família no Brasil e um mês depois que retornei a Suécia, acontece algo inesperado. Estava grávida… já fazia um tempo que planejava engravidar, mas como não tinha acontecido ainda, achava que iria terminar a universidade primeiro.
Foi mais um desafio estudar grávida, porque passei muito mal durante toda a gravidez, mas graças a Deus eu segui firme e não parei com os estudos. Minha filha Melissa nasceu no dia 16 de maio de 2016, apenas duas semanas antes do ano letivo acabar. Conclusão, meu quarto ano estava concluído.
Fiquei em casa com a Melissa durante todo o verão até as aulas retornarem em setembro. Setembro continuei estudando mas apenas 50% do tempo, pois estava amamentando. E durante esses 50% de estudo, precisava muitas vezes levar meu bebê de 4 meses para as aulas.
Inicio de 2017, era hora da minha turma iniciar o projeto de conclusão de curso. A maioria dos colegas era do sul da Suécia, para onde retornou. Como Melissa estava com apenas 8 meses, não pude fazer o meu projeto, o qual iniciei um ano mais tarde. Setembro de 2018, recebi meu certificado de conclusão do curso de engenharia. Depois de dez anos de muito estudo, essa foi realmente uma grande vitória para mim.
NOVO CAPÍTULO DA MINHA VIDA
A hora de procurar o primeiro emprego na Suécia.
A profissão de engenheiro na Suécia é uma das melhores profissões, e também com muito prestígio perdendo apenas para os médicos. O que a Suécia mais produz é a tecnologia, por isso, a engenharia é umas das melhores e mais solicitadas profissões no país. Todos falavam para mim que depois que concluísse minha universidade, iria encontrar emprego de imediato, pois a procura de engenheiros no país é muito grande.
É verdade, foi assim para todos os meus colegas de classe, todos já saíram da universidade, empregados. Então eu tinha esperança. Mas, infelizmente as coisas foram diferentes para mim. Perdi a conta de quantos currículos eu enviei no período de seis meses. A frustração só aumentava, não era sequer chamada para uma entrevista.
Não entendia o porquê de não ser selecionada, quando eu tinha uma boa formação. Mas, cadê a experiência, eu fiquei dez anos fora do mercado de trabalho, e isso parecia pesar muito na seleção. Além disso, havia outros fatores que não deveriam intervir, mas creio que para muitos recrutadores, esses fatores interviram.
Sou imigrante, falo o sueco com sotaque brasileiro, já entrando na casa dos 40 anos. Portanto, com um perfil bem diferente dos meus colegas de classe, que quando saíram da universidade estavam com 23 – 24 anos.
MEU PRIMEIRO EMPREGO
Primeiro de abril de 2019 é meu primeiro dia de trabalho na Suécia. Parece até mentira, é eu sei, comecei a trabalhar no dia da mentira. Depois de muitas tentativas, consegui uma emprego com uma empresa de consultoria, acho que aí no Brasil fala-se terceirizada.
De início era um contrato sem data final, mas o projeto terminou em dezembro de 2019. Então, resolvi tirar os dias restantes da minha licença de maternidade.
Melissa estava com quase 4 anos, como estava iniciando o último ano da universidade quando ela nasceu, resolvi não tirar a licença do governo. Então, salvei meus dias de licença para tirar depois que tivesse já trabalhado um pouco, assim receberia uma renda do governo.
A licença de maternidade sueca dura aproximadamente 1,5 ano divido entre a mãe e o pai, o que dar quase um ano inteiro para cada. Os pais podem tirar essa licença até a criança completar seus 7 ou 8 anos, ou seja, antes de iniciar na escola que é obrigatória.
Porém tem uma regra que partir dos 4 anos, os pais não podem ter mais que 90 dias restantes. Como tinha muitos dias, combinei com a empresa que me contratou que ficaria quatro meses de licença e que a partir de maio, estaria apta para pegar um novo projeto.
Fevereiro de 2020, depois de retornar de uma viagem a Tailândia, exatamente três meses antes de completar os 40 anos, me encontrava muito inquieta e cheia de questionamentos. Aqui, buscava algo que me preenchesse e explicasse minha existência. Em casa com a minha filha, com muito tempo de sobra e com a insegurança de qual trabalho teria a partir de maio, decidi então, buscar alternativas de trabalhar em casa e encontrei o marketing digital. E foi daqui que nasceu o Marketing Digital Inteligente, o meu projeto como afiliada. Para acompanhar a jornada no marketing digital como afiliada, siga esse blog.
Para finalizar, eu diria que foi nessa época, quando começou a minha busca pelo auto-conhecimento, minha busca do propósito e o entendimento de quem eu sou no mundo.
Continue acompanhando essa minha trajetória … 🙂